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Fotografo potiguar

Fotografo potiguar

Data: 14 fevereiro 2013 – Hora: 17:42 – Por: Dani Pacheco

Não é uma vitória isolada do fotógrafo Canindé Soares. E, sim, dos potiguares que seguem o sonho de ver estampado nas estantes das livrarias em todo o Brasil a sua obra. Sem contar, o gostinho bom que fica em cada um ao saber que as belezas naturais, as manifestações culturais e religiosas, os traços de sua arquitetura e o cotidiano de seu povo será apreciado além das fronteiras do Rio Grande do Norte.

“Esse livro foi feito para os natalenses terem Natal em suas mãos além de ter uma boa opção de presente. São eles os grande consumidores desse livro. Fazer a distribuição local foi muito fácil e a venda também. O difícil mesmo foi entrada para o circuito nacional. Mas consegui e agora é ter a certeza que os potiguares que moram fora de Natal tenham a oportunidade de ter Natal também em suas mãos”, contou em entrevista para O JORNAL DE HOJE Canindé Soares.

A obra ‘Natal – por Canindé Soares’ reúne 163 imagens distribuídas em 113 páginas. E, conta ainda, com textos dos jornalistas Rubens Lemos Filho e Sandro Fortunato, além de Ana Maria Cascudo. Esta é a segunda obra do fotógrafo Canindé Soares.

Sempre com o seu olhar seguro que sabe encontrar o Belo existente em cada lugar e em cada um, o fotografo Canindé Soares concedeu essa entrevista para este vespertino onde abriu seu coração contando um pouco sobre a sua história de vida, a conquista de sonhos, sucesso e a arte de registrar a sua terra e seu povo. Confira!

O JORNAL DE HOJE – Como surgiu a ideia de fazer esse livro?
Canindé Soares – Publicar um livro acredito que seja o sonho de qualquer profissional da fotografia e comigo não foi diferente… dessa forma resolvi mostrar Natal num livro para as pessoas poderem ter Natal em suas estantes.

O JORNAL DE HOJE – Canindé, você é um dos fotógrafos mais atuantes do Rio Grande do Norte. Por acaso, tem noção de quantas fotos já tirou?
Canindé Soares – Não tenho a mínima ideia… são mais de 30 anos envolvidos com a fotografia e nos últimos dez anos fotografo todos os dias… Dessa forma fica até imaginável o quando já fotografei.

O JORNAL DE HOJE – Como foi o processo de seleção das fotos para o livro?
Canindé Soares – Tenho um acervo bastante razoável de praticamente quase tudo que existe em Natal. Fiz toda edição desse material fotográfico procurando contemplar tudo que Natal tem de melhor e mais bonito. Foram aproximadamente quatro meses de escolha e tira e bota de fotografia. Com isso fiquei satisfeito com o resultado final.

O JORNAL DE HOJE – Este é o seu segundo livro. E, desta vez decidiu fazer de forma independente. O que lhe motivou a tomar esta iniciativa?
Canindé Soares – Tinha promessa de patrocínio. Mas o tempo foi passando e nada se concretizava. Queria lançar em novembro para poder oferecer a Natal um boa opção de presente. Como o patrocínio não apareceu em tempo hábil, tive que partir para a produção independente.

O JORNAL DE HOJE – Já tem planos para um próximo?
Canindé Soares – Tenho plano para vários. Dois deles podem sair este ano. Um que mostrará todas as praias do litoral do RN, com fotos aéreas e locais. Já fotografei praticamente todas vou apenas complementar algumas inclusive aéreas que ja fiz da divisa da Paraiba até São Miguel do Gostoso. O outro é o livro do RN, que da mesma forma que Natal, mostrará o que o RN tem de melhor e mais bonito. Não é um livro que mostrará as cidades do RN e sim as coisas mais importantes, como o santuário de Santa Rita em Santa Cruz e outros no estado, as igrejas mais antigas, as salinas, as Dunas de Rosado por exemplo, o Lajedo de Soledade em Apodi a Mina Brejuí, os grande eventos como o carnaval de Macau, o maior do RN, a festa de Sant’ana em Caicó, os açudes e suas sangrias durante o inverno, entre tantas outras coisas.

O JORNAL DE HOJE – Além das fotografias, o livro conta com textos de jornalistas e escritores. Como foi feita essa escolha?
Canindé Soares – Não tive muito tempo para pensar em escolher os escritores. Gostaria de ter mais textos, mas aí o livro teria que ter mais páginas aumentando os custos. Dessa forma pedi a Rubinho um texto, pelo fato dele ter escrito um artigo sobre meu trabalho que muito repercutiu. O de Sandro Fortunato foi pelo fato dele ser memorialista e ser um parceiro comigo de alguns projetos nessa área, e por fim o de Anna Maria Cascudo, que tem um texto no primeiro livro e que ao saber desse segundo me presentou com um novo texto.

O JORNAL DE HOJE – As fotografias registram um pouco das belezas naturais da capital potiguar. Poderia citar algumas das 163 fotografias do livro?
Canindé Soares – Bom, quando se fala em foto de Natal vem logo a lembrança de nossas praias como Ponta Negra e Genipabu, essa última na verdade de Extremoz, mas que lembra muito mais Natal. E logicamente nosso atrativo turístico maior, o Forte dos Reis Magos. Mas no livro procurei mostrar coisas que talvez a gente não lembre, mais que faz parte de Natal até como atrativo turístico, como o Alecrim e sua feira. Mas também não poderia faltar o pôr-do-sol do Potengi e nossa religiosidade como a procissão de Santos Reis e nossas belas Igrejas além de vários prédios históricos.

O JORNAL DE HOJE – Fale um pouco sobre você e sobre sua trajetória profissional?
Canindé Soares – Menino pobre, filho de agricultor que por causa do sofrimento causado pela seca no interior do Estado, veio para “cidade grande” em busca de melhores dias. Comecei a trabalhar muito cedo, com uns 8 anos de idade ajudando meu pai que quase diariamente se deslocava a pé do bairro Dix Sept Rosado para Ribeira, ele com um cesto com carne de dois bodes nas costas para vender nas oficinas do bairro, e eu com uma bacia com duas buchadas na cabeça. Meu ensino médio foi na Escola Municipal João XXIII que foi derrubada para construção do viaduto do Baldo, e por não ter condições financeira vinha a pé do bairro Dix -Sept Rosado até a escola e muitas vezes de lá subia para fazer cursos no Senac da Cidade Alta. Em 1977, conheci o estúdio Blow Up na Ulisses Caldas de propriedade dos fotógrafos Fred Galvão, Lauro Maranhão e Rildécio. Foi meu primeiro contado com a fotografia quando comecei entregando fotos das colações de grau da UFRN que esses fotógrafos cobriam. Como morava na periferia, fotografava aniversário e festa de pessoas humildes para sobreviver. Muitas vezes essas pessoas me contratavam para festa de seus filhos e só podiam pagar quatro ou cinco fotos. Foram pela menos uma década fazendo esse tipo de trabalho até descobrir o caminho das pedras para poder fazer o que faço hoje.

O JORNAL DE HOJE – E, hoje?
Canindé Soares – E o que faço hoje é uma fotografia muito prazerosa. Hoje posso dizer que posso me dar ao luxo de escolher o que realmente gosto de fazer, uma fotografia com o compromisso de fazer da melhor forma e da forma que gosto de fazer. Costumo dizer que hoje as pessoas pagam para me divertir. Mas para isso foram mais de trinta anos de muita dedicação. Dedicação que hoje é muito maior. São uma média de 15 a 20 horas diárias de trabalho (diversão).

O JORNAL DE HOJE – Qual a proposta do livro?
Canindé Soares – Entre elas mostrar o que Natal tem de melhor e mais bonito e que o Natalense tenha não só uma boa opção de presente, mas que possa ter Natal e seus lugares maravilhosos em suas mãos.

O JORNAL DE HOJE – Nesta semana, o seu livro entrou em circuito nacional. Com isto, aumenta o poder de alcance de venda. Quais são suas expectativas?
Canindé Soares – Este livro tem me surpreendido com as vendas e o quanto tem agradado. Sem exageros, diariamente encontro pessoas na rua que me abordam dizendo que compraram e quanto ficaram satisfeitos com o resultado do livro. E desde o lançamento, pessoas de outros estados têm feito contatos para saber como adquirir. Dessa forma, chegou a hora, com o livro entrando no circuito nacional de venda.

O JORNAL DE HOJE – Fiquei sabendo que a primeira tiragem está quase esgotada. Pode-se dizer que este livro foi um bom investimento?
Canindé Soares – O livro está vendendo de uma forma surpreendente. Além das pessoas comprarem para si, elas estão comprando também para presentear. Algumas pessoas compram vários e as empresas compram em quantidade. Uma das empresas que pediu para não citar o nome comprou 90 livros de uma só vez. Apesar do valor de impressão de um livro de fotografias ser muito alto e de ter bancado o livro com recursos próprios, logicamente com ajuda de uma amigo (Obrigado Jailson Fernandes), valeu o investimento sim, não só do ponto de vista financeiro, mas da repercussão positiva.

O JORNAL DE HOJE – Canindé Soares, você é um dos poucos fotógrafos potiguares que conseguem realmente viver da arte de fotografar. Qual é o seu segredo do sucesso?
Canindé Soares – Ter extrema paixão pelo que faço, entusiasmo e dedicação integral à fotografia.