{"id":22032,"date":"2012-03-13T02:00:10","date_gmt":"2012-03-13T05:00:10","guid":{"rendered":"http:\/\/canindesoares.com\/?p=22032"},"modified":"2012-03-13T02:00:10","modified_gmt":"2012-03-13T05:00:10","slug":"o-jumento-e-nosso-irmao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/canindesoares.com\/o-jumento-e-nosso-irmao","title":{"rendered":"O jumento \u00e9 nosso irm\u00e3o…"},"content":{"rendered":"

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Jumento vira produto de exporta\u00e7\u00e3o<\/h3>\n

Por Jos\u00e9 de Paiva Rebou\u00e7as
\nJornal de Fato \/ Tribuna do Norte<\/p>\n

Depois do mel\u00e3o, do camar\u00e3o e do sal, o Rio Grande do Norte pode se tornar uma pot\u00eancia na exporta\u00e7\u00e3o de jumentos. H\u00e1 pelo menos oito meses, o Governo do Estado assinou um protocolo de inten\u00e7\u00f5es com a China para fornecer os animais que ser\u00e3o usados na ind\u00fastria de alimentos e cosm\u00e9tico. A pretens\u00e3o dos chineses \u00e9 importar 300 mil asnos do Brasil por ano e o RN quer abocanhar ao menos 20% dessa fatia.<\/p>\n

No Nordeste, os asi\u00e1ticos garantiram a compra dos animais e at\u00e9 chegaram a discutir com pol\u00edticos locais a cria\u00e7\u00e3o de uma linha de cr\u00e9dito espec\u00edfica, que levaria o nome de Projegue. Atualmente, os chineses abatem 1,5 milh\u00e3o de jumentos, de todas as ra\u00e7as, produzidos no pr\u00f3prio pa\u00eds, na \u00cdndia e Z\u00e2mbia.<\/p>\n

O secret\u00e1rio-adjunto de Agricultura do Rio Grande do Norte, Jos\u00e9 Simpl\u00edcio Holanda, acredita que a comercializa\u00e7\u00e3o de jumentos \u00e9 uma \u00f3tima oportunidade para aquecer o mercado nordestino, mas ele alerta que s\u00f3 valer\u00e1 a pena o com\u00e9rcio se o pre\u00e7o realmente for adequado e compat\u00edvel com o mercado. “Pode-se tomar por base a arrouba de boi, chegando a 50% do valor atual”, sugere. O jumento adequado para o abate, segundo Simpl\u00edcio, tem em m\u00e9dia quatro arrobas (60 quilos).<\/p>\n

Simpl\u00edcio acredita que leva de tr\u00eas a cinco anos para que a cadeira produtiva asinina seja organizada no Estado, visto que o animal est\u00e1 muito desvalorizado devido a sua substitui\u00e7\u00e3o pelos ve\u00edculos, como trator, caminhonete e at\u00e9 motocicletas.<\/p>\n

A demora no tempo de avalia\u00e7\u00e3o da proposta, solicitada pelos chineses, \u00e9 algo que vem incomodando o Governo, que j\u00e1 pensa at\u00e9 que isso n\u00e3o vir\u00e1 mais. Mas, not\u00edcia veiculada recentemente na imprensa nacional deu conta de que j\u00e1 foi liberado o interc\u00e2mbio de asnos entre os dois pa\u00edses.<\/p>\n

Com a desvaloriza\u00e7\u00e3o da tra\u00e7\u00e3o animal no Nordeste, o jegue passou a ser rejeitado pelos trabalhadores e fazendeiros. Sem donos, \u00e9 comum encontrar esses animais soltos pelas estradas, provocando graves acidentes de tr\u00e2nsito. Para Simpl\u00edcio Holanda, a comercializa\u00e7\u00e3o do animal seria uma forma de reduzir esse problema, visto que os criadores teriam mais cuidado de n\u00e3o deix\u00e1-los fora dos currais.<\/p>\n

Depois que essa not\u00edcia circulou em n\u00edvel nacional, na \u00faltima semana, o secret\u00e1rio-adjunto de Agricultura do RN recebeu v\u00e1rios e-mails de protestos. “As pessoas saem em defesa do animal, achando que sou eu o respons\u00e1vel pelo com\u00e9rcio”, explica Simpl\u00edcio Holanda.<\/p>\n

Ele lembrou que o abate de animal \u00e9 uma atividade comum no Brasil. Al\u00e9m do frango, do su\u00edno e do boi, Simpl\u00edcio cita os bezerros que s\u00e3o abatidos para a fabrica\u00e7\u00e3o de salsicha e o chamado “borrego mam\u00e3o”, abatido com 15 ou 20 dias de nascido para ser servido como prato nobre.<\/p>\n

Jap\u00e3o foi um dos primeiros importadores<\/p>\n

N\u00e3o \u00e9 a primeira vez que os asi\u00e1ticos se interessam pelos jumentos nordestinos. H\u00e1 cerca de 20 anos, os japoneses come\u00e7aram a comprar esses animais para o consumo humano. Os primeiros atravessadores eram de Belo Jardim (PE), que compravam os animais indiscriminadamente. Essa pr\u00e1tica estava exterminando os rebanhos nordestinos porque os \u00edndices de abate eram de 7,25%, contra um crescimento de 4,5%. Um dos fatores para isso era o pre\u00e7o, que, na \u00e9poca, representava um d\u00e9cimo do valor do boi.<\/p>\n

Para frear o ato predat\u00f3rio, um grupo de criadores fundou, em 1978, a Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Criadores de Jumento Nordestino. Desde ent\u00e3o, foi feita toda uma movimenta\u00e7\u00e3o junto ao Minist\u00e9rio da Agricultura para evitar o desaparecimento do animal. Uma das medidas foi a portaria 980, que proibiu o abate de jumentas capazes de se produzir.<\/p>\n

Ainda assim, na d\u00e9cada de 1980, o com\u00e9rcio acabou por falta de mat\u00e9ria prima. A redu\u00e7\u00e3o do rebanho foi brusca em todo o Nordeste, caindo de 4,5 milh\u00f5es de cabe\u00e7as em 1967 para pouco mais de 1,2 milh\u00e3o em 1978. O RN, que em 1967 tinha 180 mil jumentos, terminou o ano de 1978 com menos de 52 mil.<\/p>\n

Esses animais eram encaminhados para 16 abatedouros em todo o Brasil, desde o Paran\u00e1 at\u00e9 o Maranh\u00e3o. Os principais clientes do Nordeste eram de Pernambuco e Minas Gerais. “No pico, os abatedouros chegaram a sacrificar 760 mil cabe\u00e7as”, disse Fernando Viana, que esteve \u00e0 frente da \u00fanica pesquisa brasileira com esse fim.<\/p>\n

Aposentado, o professor critica o abandono desse animal pelo nordestino. “\u00c9 preciso se lembrar que o Nordeste foi feito pelo jumento”, argumenta. De acordo com ele, esse interesse repentino pelo animal \u00e9 apenas “um modismo”, e defende um programa mais s\u00e9rio de valoriza\u00e7\u00e3o do jumento como instrumento de trabalho e mat\u00e9ria prima de exporta\u00e7\u00e3o.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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