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A manhã deste sábado (6) marcou um momento especial para a literatura potiguar: o lançamento de “As sombras do céu apagaram nossos rastros”, primeiro romance do jornalista e escritor Osair Vasconcelos, realizado no tradicional Sebo Vermelho, na Cidade Alta. O evento reuniu leitores, amigos, colegas de imprensa e admiradores do autor, celebrando uma obra que mergulha fundo nas raízes históricas e afetivas do sertão.

Publicado pela Sebo Vermelho em parceria com a Z Editora, o livro representa o sexto título da carreira de Osair — e o segundo dedicado à ficção. A narrativa toma forma a partir de um eco distante de uma história familiar, contada ao autor por seu pai aos 80 anos. Dessa lembrança, Osair desenvolveu um romance curto, ou “novela”, como define, que mistura memória, imaginação e uma atmosfera poética que permeia toda a trama.

A obra reconstrói o drama de dois irmãos paraibanos que, no final do século XIX, fogem após cometer um crime motivado pela rígida noção de honra da época. Refugiados na fazenda de um coronel seridoense, vivem sob permanente tensão, temor e silêncio — elementos que Osair explora com sensibilidade e profundidade. Apesar de criar uma geografia própria, o autor reafirma que os leitores familiarizados com o Seridó irão se reconhecer nas descrições e paisagens sugeridas no texto.

Além do núcleo trágico da vingança familiar, o romance apresenta reflexões de tom metafísico que contrastam com a aridez e a beleza do sertão. Os dilemas interiores dos protagonistas, sobretudo o do irmão mais jovem — que sonha escapar daquele destino — sustentam a força emocional da narrativa.

Foram cinco anos de trabalho até que “As sombras do céu apagaram nossos rastros” ganhasse sua forma final. Processos de revisão, reescrita e burilamento marcaram a construção de um texto cuidadoso, que exige do leitor um mergulho sensível nos pensamentos, silêncios e conflitos dos personagens. A experiência do autor na ficção já havia aparecido em obras anteriores, como o livro de contos “As pequenas histórias”, também inspirado em figuras que existiram de verdade.

Com trajetória consolidada no jornalismo potiguar e nacional, com passagens por veículos como O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Rede Globo, Diário de Natal, Tribuna do Norte, TV Cabugi, TVU e outros, Osair Vasconcelos volta a reforçar seu vínculo com a memória e a cultura do interior do Rio Grande do Norte — temas recorrentes em sua carreira literária.

O lançamento deste sábado confirmou não apenas o interesse do público, mas também a importância de obras como esta para preservar, reinventar e revisitar o imaginário sertanejo. Uma manhã que celebrou literatura, história e emoção — exatamente como pede o Seridó.