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Estudo classifica bromélias macambiras como espécie-chave no Semiárido

Por Marcos Neves Jr. de Agecom
Em artigo publicado nesta terça-feira, 25, pesquisadores do Departamento de Ecologia da UFRN apontaram a importância das bromélias macambiras para a região semiárida do Brasil. Intitulado A bromélia rupícola (Encholirium spectabile) como uma espécie-chave para a biodiversidade do semiárido brasileiro, o trabalho pode ser lido no periódico científico Ecology.
Diferentes das bromélias típicas, as macambiras-de-flecha não acumulam água em suas folhas. Esse nome faz menção à formação de suas hastes de floração, semelhantes a flechas. Em geral, elas crescem formando grandes aglomerados, chamados de touceiras, em afloramentos rochosos da região semiárida do país. Comumente usada na alimentação de rebanhos, a espécie se revelou um verdadeiro celeiro de biodiversidade.
Para descrever o seu papel nesse ambiente, os pesquisadores foram a campo. O estudo aconteceu entre 2011 e 2018 no município potiguar de Santa Maria, localizado a 60 quilômetros da capital, onde coletaram dados relacionados às espécies que utilizam as macambiras-de-flecha com algum propósito.
“A partir desse processo identificamos que muitas destas espécies apresentavam algum grau de dependência dessas plantas, e outras eram completamente dependentes delas. Portanto, percebemos que essas macambiras tinham um papel essencial na dinâmica das espécies, daí a ideia de propô-las como espécies-chave”, explica o autor do artigo, Jaqueiuto da Silva Jorge.
Bastante difundido na área de estudos da Ecologia, o termo espécie-chave se aplica àquelas que exercem um papel de extrema importância nos ecossistemas nos quais ocorrem, geralmente dando suporte a muitas outras dependentes delas. Neste estudo, foram identificadas mais de cem espécies que utilizam as macambiras-de-flecha para diversos fins, tanto para alimentação, consumindo seus recursos – néctar, pólen ou os próprios tecidos das bromélias -, como para a caça.
“Ao colonizarem os afloramentos rochosos, criam um ambiente mais ameno que o ambiente externo, com temperaturas mais estáveis ao longo do dia e umidade do ar mais alta que a externa. Por isso são chamadas de Engenheiras de ecossistemas, pois criam um ambiente que não existia antes. Esse novo ambiente facilita a vida de muitas outras espécies”, detalha Jaqueiuto.
Conservação e próximos passos
Embora as macambiras-de-flecha estejam avaliadas como Pouco Preocupante na União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), toda a atenção para a sua preservação é importante. De acordo com Jaqueiuto, o avanço da extração de rochas nos afloramentos nos quais a espécie ocorre é evidente, fato que ameaça não apenas as bromélias, mas toda a biodiversidade a elas associada.
“Espera-se, ao propor essas bromélias como espécies-chave para biodiversidade da região semiárida, que políticas viabilizadoras de sua conservação sejam consideradas nas tomadas de decisões futuras. A ideia principal é que ao conservar as macambiras-de-flecha, estaremos conservando uma larga porção das espécies que habitam suas touceiras, assim como outras que utilizam os afloramentos rochosos onde elas ocorrem”.
Diante dos resultados, as bromélias continuam como objeto de estudo, porém adicionando novos e diferentes focos. Os próximos passos devem abordar os aspectos econômico, cultural, medicinal e de outras funções para o povo sertanejo, além da biodiversidade regional.
“Nossos resultados abrem espaço para novas pesquisas com estas bromélias, que até pouco tempo eram negligenciadas nos trabalhos sobre biodiversidade. Ao formarem estes microecossistemas, essas plantas passam a ser consideradas como modelos ótimos para pesquisas na área de ecologia”, afirma Jaqueiuto.
Assinam ainda a autoria do artigo os pesquisadores Eliza Maria Xavier Freire, do Departamento de Botânica e Zoologia, e Adriano Caliman, do Departamento de Ecologia, ambos professores do Centro de Biociências da UFRN.

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