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Fotógrafos podem ver a Morte
João Maria Alves um dos homenageados pela crônica de Emanoel Barreto
Somente os fotógrafos podem ver a Morte*
Emanoel Barreto
Foto: Ahmed Malik/Reuters
BAGDÁ – O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, fez um pronunciamento na TV no qual pediu paciência e o apoio às forças de segurança do país após a onda de atentados que deixou 127 mortos em Bagdá na terça-feira, 8.
Maliki deve ir uma audiência no Parlamento nesta quarta. Ele vem sofrendo fortes críticas de parlamentares, que pedem a renúncia da cúpula de segurança no país. Nos últimos quatro meses, houve outros dois atentados contra prédios públicos no país.
No primeiro, em agosto, 100 pessoas morreram. Em outubro, um ataque deixou 155 vítimas. Insurgentes têm direcionado seus ataques a alvos do governo públicos. Analistas atribuem o ataque a militantes sunitas ligados ao antigo partido Baath, do ex-ditador Saddam Hussein, descontentes com o governo xiita pró-ocidental.
…
O texto acima é do Estadão. Mas o que me moveu mesmo foi a foto. Veja como caminham os parentes da vítima: elas levam o caixão como se levassem todo o peso da morte. Não a morte enquanto fenômeno de cessação da vida, mas a Morte, a grande Morte, o mistério sombrio de ter à vista e em mãos um corpo que perdeu seu anima.
A fotografia tem esse condão. Captar o instante, o momento preciso, como dizia Henry Cartier Bresson. É esse momento que resume tudo, toda a força, impacto, intensidade e representatividade de uma ação, que o jornalista-fotógrafo sabe figurar como ninguém. Só ele, esse mágico ao mesmo tempo sensato e louco.
Veja o esforço dos que levam o caixão. Eles carregam todas as dores do mundo. Ao contrário de nós, ocidentais, que levamos o – perdão pela palavra – féretro segurando suas alças laterais, eles o conduzem aos ombros. É o homem, em sua miserável universalidade, levando sobre si o peso maciço de todas as suas dores, um peso que é presidido pela grande, soturna, maciça e muito nossa Morte.
E, só os fotógrafos podem nos mostrar esses momentos…
* Esta crônica é dedicada a João Maria Alves, Giovanni Sérgio, Canindé Soares e Claudinei Bôas
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2 comentários em “Fotógrafos podem ver a Morte”

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Poxa Canindé… que texto!
Chorei, confesso. E por essa capacidade que só vocês fotógrafos tem, é que os admiro tanto e gostaria de ser uma algum dia…
É divina a sensibilidade de captar uma emoção e eternizá-la.
😀