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Nas ruas, a “primavera brasileira”. Nos gabinetes, o “inverno petista”
*Cláudio Monteiro
Ainda não é possível afirmar que já seja uma “primavera brasileira” , mas uma coisa é certa: as manifestações de rua, que tomaram conta do país, são prova inconteste que tanto as pesquisas de popularidade quanto a propaganda do governo não refletem a realidade dos brasileiros.
Nos gabinetes — ainda comemorando os 10 anos do partido no poder — os agora engravatados petistas estão querendo “entender” porque milhões de pessoas estão protestando, “até contra a presidente da República”. Queimando bandeiras do PT e de partidos que dele se originaram. “Logo do PT que encabeçou as históricas manifestações das Diretas, Já! e do Fora Collor ! ” dizem alguns, estupefatos.
A resposta está bem perto, dentro dos próprios gabinetes. E começa pela política sócio-econômica, tão desviada do programa original do partido. Desvios, fruto de acordos de paletó-e-gravata firmados com a base de sustentação do governo, nos gabinetes de Sarney, Renan Calheiros, Collor, Maluf… Todos com objetivos completamente opostos ao da ampla maioria da população.
A gota d’água para os protestos, o aumento constante e abusivo das tarifas, é fruto do equivocado estímulo exagerado para a indústria automobilística — com isenções tributárias que despejaram milhões de carros nas ruas — e de um medíocre planejamento e incentivo aos transportes públicos, que obriga o cidadão a pagar caro por um serviço de péssima qualidade.
O ético PT dos áureos anos pós-fundação saiu das ruas e foi para os gabinetes. Em protesto, os cidadãos estão saindo de casa e indo para as ruas!
A pretensão do governo federal de buscar um “pibão” — sobretudo alavancado na desenfreada produção e uso do automóvel — trouxe nefastos prejuízos para a Economia. O PIB cresceu menos de 1%; o consumo e o preço da gasolina dispararam, a inflação não cede e a Petrobras desequilibrou, mesmo com a postergação dos lançamentos das importações, as contas públicas. E não foi por vontade deliberada. A estatal do petróleo se viu obrigada a importar gasolina (e vai ter que importar muito, ainda), porque o Brasil se tornou auto-suficiente em petróleo, mas não é mais auto-suficiente em refino, por conta do inadmissível atraso nas obras das novas refinarias.
Um circulo vicioso que desembocou na ponta de um imenso iceberg, que os políticos e governantes, literalmente viajando ou de plantão, estão “procurando decifrar”. As tarifas já foram reduzidas, mas as demandas reprimidas, a insatisfação com a saúde, com a educação e a revolta do cidadão em constatar o aumento voraz da carga tributária nos últimos governos — sem a contrapartida mínima de retorno social — não foram “reduzidas” .
Voracidade que choca ao se analisar o crescimento na arrecadação de impostos federais, em números arredondados: R$ 30 bilhões por mês, no segundo mandato de FHC; R$ 40 bilhões/mês, no primeiro mandato de Lula; R$ 65 bilhões/mês, no segundo mandato de Lula e já atingindo recordes de R$ 90/110 bilhões/mês, em dois anos de Dilma.
Muito além de “trazer milhares de médicos do exterior”, como prometeu a presidente Dilma em seu pronunciamento à nação — mesmo sabendo que não adianta nada importar médicos, sem que haja hospitais e PSs para eles prestarem atendimento — é preciso trabalhar rápido para evitar uma convulsão social.
E o governo petista pode tratar de diminuir o ar-condicionado nos gabinetes, porque o Inverno já chegou para ele. E não foi só no calendário !!
*Cláudio Monteiro é jornalista profissional e editor do www.brsilja.com.br

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